improvável produções

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Anatomias
Solo
2022

Se entre as quatro
paredes existe um espelho,
já não estou só. Há outro. Há o reflexo
que arma no clarear um sigiloso teatro.
Jorge Luis Borges



FlashesFlaFlasFlashFFlaFlashes sobejamente, abundantemente, demasiadamente. Unself herself. Solo de dança que não é propriamente um solo. Tensão entre a bailarina e o espelho, ferramenta de imitação e captura do movimento diante da qual o corpo quase sempre se torna modelo de sua dança. She dances her did. De objeto a subjeto. Corte anatemnein, em grego. Diafragma e gatilho: disparos. Do mise en regard ao mise en retard: é preciso atrasar a imagem. Na sala, o espelho é um duplo que divide o corpo e, ao mesmo tempo, o faz imaginar através de sua fragmentação. Anatomia outra. Uma arquitetura do corpo do erotismo. A nudez e seu duplo liberam forma e contorno pelo que surge em seus avessos simultâneos. Corpo impossível. Corpo sem cabeça. Não. A bacia enquanto cabeça: erótica e pensante. O olho e o cu. Buraco. Go to sleep boy! Dream! Dream. Tensão entre a imagem e a presença. Nem a totalidade da imagem, nem a totalidade da presença. Fragmento. Duplicações. Desnaturalização. O corte fragmenta o corpo, mas não o disseca: imagina. Corte. Recorte. Descontinuidade. Montagem. Dispositivos narrativos cuja métrica de números irregulares cria tensões desassossegadas na composição. Objeto matemático. Não. Subjeto matemático. E se o relógio quebrar? E se o inteiro se cortar? E se a visão distorcer? E se o tempo saltar e o ponteiro cair? Fora, com suas cabeças! Desfiguração. Ambivalências | Ambivalências. Adiamento e diferenciação, adiamento e diferenciação. Distorções, dissonâncias, mutações. Anatomia estrangeira de sua antropomorfia consensual. Cabeça pra baixo, sexo pra cima. Baixar o pensamento. Indescrição da morfologia humana. Indiscrição da morfologia humana. Liberar os objetos de sua função, cometê-los ao imaginário e ao desejo. Números irracionais. O olho e o cu. Ver é visitar a noite secreta das coisas. Através do reflexo, o olho vê, se vê e é visto pela obra. Em que tempo? Sincrônica e retroativamente o do agora dos corpos na sala e o do outrora dos corpos no espelho. Unself yourself. Duvidar incessantemente das formas. [Anatomias]. O escuro. O oco do mundo. O sonho e o delírio. Coimaginar para transurgir.

Levi Poppe Rocha Russo



Argumento: Maria Alice Poppe e Thereza Rocha; Direção artística: Marcela Levi e Lucía Russo; Interpretação: Maria Alice Poppe; Interlocução dramatúrgica: Thereza Rocha; Desenho de som: Marcela Levi; Desenho de luz: Laura Salerno; Fotografia: Vicente de Mello; Vídeo: Renato Mangolin; Assessoria de imprensa: Christovam de Chevalier; Design gráfico: Ana Carneiro; Mídias sociais: Ana Righi; Cenotécnico: Marcus Shalon; Operador de som: Marco Ribas; Operador de luz: Thiago Monte; Produção executiva: Igor Veloso e Marcelo Aouila; Direção de produção: Aline Carrocino (Alce Produções); Apoio: Improvável Produções

Agradecimentos
Aline Mohamad, Carolina Salim, Carla Danielle Chagas, Ceme Jambay (in memoriam), Centro Coreográfico da Cidade do Rio de Janeiro (CCO), Centro Cultural Justiça Federal (CCJF), Diego Dantas, Evandro Salles, Equipe Sesc Copacabana em especial equipe técnica, Faculdade Angel Vianna, Fellipe Resende, Hágata Pires, João Carrocino Rocca, Joelson Gusson, Leila Dantas, Leysa Vidal, Marcia Feijó, Moveon Clínica, Ronald Palatnik, Ralphen Rocca, Ricardo Cotrim e Thiago MotaAline Mohamad, Carolina Salim, Carla Danielle Chagas, Ceme Jambay (in memoriam), Centro Coreográfico da Cidade do Rio de Janeiro (CCO), Centro Cultural Justiça Federal (CCJF), Diego Dantas, Evandro Salles, Equipe Sesc Copacabana em especial equipe técnica, Faculdade Angel Vianna, Fellipe Resende, Hágata Pires, João Carrocino Rocca, Joelson Gusson, Leila Dantas, Leysa Vidal, Marcia Feijó, Moveon Clínica, Ronald Palatnik, Ralphen Rocca, Ricardo Cotrim e Thiago Mota.