marcela levi

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PRÁTICAS DE TRANSBORDAMENTO


Partindo de uma leitura singular de alguns princípios do Training desenvolvido por Jerzy Grotowski e do Contato Improvisação, as coreógrafas Marcela Levi e Lucía Russo, diretoras da Improvável Produções - lugar nômade de formação, pesquisa e criação -, propõem partilhar metodologias de trabalho desenvolvidas ao longo dos últimos anos.

A oficina "Práticas de transbordamento" coloca em jogo noções aparentemente não compatíveis como excesso e prática, rigor e explosão. Levi e Russo, através de suas criações, cujos processos são deliberadamente longos, defendem a forja diária que transforma e articula corporeidades outras e dramaturgias que exalam contradições e ambiguidades. Para isso, apostam no que é vivo, ou seja, fragmentário e incompleto. Fragmentar o corpo para articulá-lo, para liberar a sua potência de relação. Ser mais de um. SeRelação.

Movemos porque dobramos e o que nos permite dobrar são as articulações. As articulações nos permitem mover, elas são muitas e podemos trabalhar para que sejam mobilizadas, ao mesmo tempo, em direções e ritmos diferentes. Polirritmia. Corpo-sinfonia. Esse trabalho é um desdobramento dos "plásticos" do Training.

Já o Contato Improvisação nos oferece um legado: não estamos sozinhos, movemos porque apoiamos e somos superfície de apoio. O movimento surge do encontro entre duas ou mais massas visíveis e invisíveis: ares, temperaturas, sons. Sem outros não há movimento. Aqui o chão é o nosso maior parceiro de trabalho.

Trabalharemos na interdependência da prática e da teoria. Vamos fazer a prática nos falar e a fala praticar. Trabalhamos com a repetição, ou melhor, com a frequência. Passaremos pelos mesmos exercícios uma e outra vez sem deixar de desconhecê-los.